"Na madrugada todo mundo vira poeta, as coisas funcionam de forma diferente porque é nessa hora que as coisas começam a perder a forma." PC Siqueira.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

As Torres Malditas...

HISTORICAMENTE...


A Igreja Nossa Senhora das Dores, a mais antiga da cidade de Porto Alegre, demorou quase um século para ser construída. Sua pedra fundamental foi lançada em 1807. Foi construída sob um estilo eclético com influência germânica, trazido pelo arquiteto Júlio Weise, abandonando o projeto original em Barroco; tem duas torres de aproximadamente 50 metros cada uma.


De: pt.wikipedia.org


Os atrasos da construção explica-se pela forma em como a obra foi custeada. Todas as doações vinham das famílias mais ricas e de boa vontade dessas. Botar os escravos para trabalhar era uma forma de contribuir com a obra da Igreja; assim, os senhores ficavam com a consciência tranquila e a certeza de que o lugar no céu estava garantido...



A LENDA QUE RONDA A CONSTRUÇÃO


Um desses senhores foi Domingos José e um desses escravos foi Josino. Esse trabalhava incansavelmente, de sol em sol, sem reclamar. Apesar do esforço dele e dos demais, parecia que a obra não andava e havia um motivo oculto para isso: boa parte dos materiais que chegava pouco ali permanecia, em razão dos ricos, que doavam e então pegavam essa boa parte de volta! Josino sabia disso, contudo ficava calado.
         Afinal, quem iria acreditar num escravo negro?

Anos passaram-se e finalmente a Igreja tomou corpo, faltando apenas as duas torres. Porém, mesmo assim, decidiram inaugurá-la. Foi instalada no interior do templo uma imagem de Nossa Senhora, enfeitada com joias vindas de Portugal. Mas eis que sumiu uma das pedras preciosas que adornavam a imagem...

Há quem diga que foi um padre que roubou para dar de presente à sua amante. Há quem diga também que um homem muito rico, movido pela ganância por mais riqueza - como de costume no ser humano -, teria roubado a pedra. Outros ainda comentam que a tal pedra foi perdida no meio do caminho. Ou ainda, que nunca existiu.
Mas tinha que ter um culpado na história, não é mesmo? Adivinhem quem carregou a culpa...?
           Josino, obviamente.

Por essa razão, foi condenado à forca. O pelourinho - espécie de coluna de pedra, com função de humilhar seus presos publicamente - ficava em frente à Igreja. A Josino foi dado o direito de pronunciar algumas palavras. Pediu perdão a Deus e, rogando uma praga, recitou:

"Vou morrer porque sou escravo, mas sou inocente. A prova disso é que essas torres jamais hão de ficar prontas!".


A Igreja, sem as torres, 1832.


Conta-se que após cinco meses de seu enforcamento, as torres concluídas balancearam uma, duas e três vezes então esfarelaram-se no chão. E tantas e mais tantas vezes esse ciclo maldito se repetiria. A cidade rezava novenas pela alma do pobre, entretanto de nada adiantava. Somente em 1901, a Igreja seria completada com a colocação de um cruzeiro de ferro entre as torres, sendo o mesmo colocado por Aurélio Veríssimo, negro e escravo como Josino.

Detalhe do Cruzeiro de Ferro


(Foto: Cléber Lima)


Essa lenda muito fala da questão da exploração do negro escravo, o qual foi utilizado como mão-de-obra para a construção da Igreja Nossa Senhora das Dores na Capital Gaúcha e que essa demorou, aproximadamente, quase um século para sua conclusão. O que me chama atenção nessa lenda é o pensamento - em minha opinião absurdo - das famílias ricas que doavam seus escravos  para a construção da mesma acreditando que estavam fazendo uma BOA AÇÃO e que assim, suas almas estariam "SALVAS"...




Fotos e texto (adaptado) by Márcia Adriana Hofmann, guia de turismo
Contato: guiaadri41@gmail.com.

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